22 julho 2010

Cadernetas de cromos e histórias de Vida

Ontem conheci a Isa.
O final de tarde convidava a um passeio à beira mar.
A caminho pensei para mim que nunca deveria ter ido viver para longe do mar...
Faz-me falta o cheiro e a visão das ondas embrulhadas que me embrulham também os pensamentos…… e arrependo-me de decisões que nada têm a ver com o mar, nem com o assunto, nem muito menos com a Isa.


…Entre imperiais, jazz, batatas fritas e desabafos, suguei-lhe as vivências de uma experiência de vida igual à minha.
Ouvi em minutos uma história de 5 anos, tão igual à minha de 5 meses. (com as devidas diferenças que o tempo faz acontecer).

…Fascinante ouvir a nossa história na boca e na vida de outra pessoa, como se as personagens, de repente, mudassem. Os nossos sentimentos, as nossas dores, os nossos receios vividos e sentidos por alguém que não somos nós.
…A palmada nas costas em ares de compreensão fez-me bem.
Bebi-lhe os conselhos e respirei em alívios de estados de espírito… afinal não era só eu que tinha cromos difíceis na minha caderneta.


daqui


Pedimos mais imperiais, mais batatas fritas e mais jazz enquanto o mar confirmava, em rebuliços, os ruídos de experiências complexas e agitadas como as nossas.
Levámos o resto do tempo a rever a caderneta, e no fim ela confirmou-me, com o olhar complacente de quem já passou pelo mesmo, que não vale a pena lutar pelo cromo mais difícil, que o espaço continuará sempre em branco….. pelo menos , na caderneta dela, ainda está. Deixou de o procurar há 2 anos e revolveu este Mundo e metade d’outro, durante 5 longos anos, a batalhar por algo que nunca teve.
Passados 7 anos, ainda lhe custa a lembrar as peripécias e os estados mais tristes da alma…não insisto nas perguntas, até porque lhe adivinho as respostas.


Vem-me à cabeça uma caderneta da Panini de Futebol que o meu irmão teve quando era miúdo e as lágrimas de felicidade de quando recebeu o cromo mais difícil.
Regressei ainda a pensar que nunca deveria ter deixado de viver ao pé do mar, e voltei a arrepender-me de decisões que nada têm a ver com o assunto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Minha amiga, estás à espera de quê? anda por aí um cromo que te vai trazer de volta o sorriso e o olhar (igual ao meu)!
Não tornes 5 meses em 5 anos por favor!!!
Beijinho da Peper